sexta-feira, 23 de maio de 2008

Anime causa revolta entremuçulmanos

Fonte: Jornal O Estado de São Paulo - 23/05/08

A produtora APPP Company do Japão teve de pedir desculpas a todos os muçulmanos do mundo pelo conteúdo do anime Jojo no Kimyo na Boken (As Bizarras Aventuras de Jojo), em que seguidores religiosos são apresentados como terroristas. O mangá que deu origem à série tornou-se ainda mais conhecido depois de ser citado na série de TV Heroes, da rede americana NBC - seu personagem mais popular, Hiro Nakamura, é fã das aventuras de Jojo. A animação, que ainda rendeu um game, causou diversos protestos em fóruns online, além de receber a condenação da maior autoridade religiosa sunita, Al Azhar, no Cairo.

Outras mostras revelam seleção bem atraente

Fonte: Jornal O Estado de São Paulo - 23/05/08

A Quinzena dos Realizadores recebe nomes como Jean-Marie Straub, Jerzy Skolimowski e Albert Serra

Luiz Carlos Merten, Cannes

Alguns dos melhores filmes desta edição do Festival de Cannes estão passando em outras mostras que não a competitiva. A Quinzena dos Realizadores, por exemplo, abriga uma seleção muito atraente. Além de Aquele Querido Mês de Agosto, de Miguel Gomes, a Quinzena também mostrou Le Genou d?Artemide, de Jean-Marie Straub; El Cant des Ocells, de Albert Serra; e Cztery Noce Z Anna (Quatro Noites Com Ana), de Jerzy Skolimowski. A Quinzena pode não ter selecionado os filmes desse jeito, mas está fazendo um arco desde os anos 60 até os 2000.

Mais informações no blog do Merten

Straub surgiu no novo cinema alemão, ao qual legou um de seus mais belos títulos (o melhor?) - A Crônica de Ana Madalena Bach. Depois, em outros países - na Itália, principalmente -, ele desenvolveu em parceria com Danièle Huillet uma obra cujo rigor nunca será suficientemente exaltado - Sicília! é um exemplo perfeito. Após a morte de Danièle, Straub assina seu primeiro filme sozinho. O Joelho de Artemide retoma a cultura erudita num cinema que radicaliza o experimento sem perder a fascinação da humanidade.

Jean-Marie Straub trabalha os mitos. Skolimowski, o ex-enfant terrible do cinema polonês, que os críticos comparavam a Jean-Luc Godard, fala de sua geração e da própria linguagem - do que e como ela mudou nos últimos anos.

Albert Serra, o mais jovem de todos, é outro que adora revisar os mitos. Há dois ou três anos, ele já veio a Cannes - e concorreu à Palma de Ouro com Honor de Caballeria, uma revisão do mito de Dom Quixote, de uma dureza, mas também de uma beleza, de cortar o fôlego. Serra é de Barcelona. Músico, fotógrafo, cenógrafo, roteirista e romancista, diretor, é um multiartista, mais do que um artista multimídia. El Cant des Ocells, ou O Canto dos Pássaros, recria outra história clássica, a dos Três Reis Magos. Como no filme anterior, no qual não temos todo o Quixote, mas um fragmento magnificamente filmado (e com um impressionante uso do som), O Canto dos Pássaros também retoma a história bíblica para discutir os temas da busca e da descoberta - do conhecimento. Os cinéfilos de carteirinha vão amar.

CDs perdem espaço no Reino Unido

Fonte: Jornal O Estado de São Paulo - 23/05/08

Pela primeira vez na história, os músicos britânicos faturaram mais com a execução de suas músicas em rádios e na TV do que com a venda de CDs, anunciou a MCPS-PRS, entidade de direitos autorais musicais no Reino Unido. Segundo dados da entidade, foram movimentados no ano passado 562 milhões de libras pelo setor, no total. Desses, 155,5 milhões de libras são resultado de vendas a rádios, TVs e internet. A venda de produtos físicos - CDs e DVDs - representa 151,8 milhões de libras do total, 1% menos que no ano anterior. O restante dos rendimentos veio de execuções em lugares públicos e vendas para o exterior.

Edward Mãos de Tesoura revela simpatia de Burton por excluídos

Fonte: Jornal O Estado de São Paulo - 23/05/08

Ubiratan Brasil

Criado por um inventor, que morre sem completar sua obra, Edward é um ser que tem o rosto branco e mãos de lâminas de tesoura. Apesar de habilidoso na escultura, ele não pode tocar nenhum ser vivo sem feri-lo - a não ser para aparar pêlos e cabelos. Ele vive sozinho no castelo gótico de seu inventor até ser descoberto por uma vendedora de produtos Avon, que resolve levá-lo para casa. Lá, Edward tanto se apaixona pela filha da mulher como acaba acusado de crime pela população local.

Os fãs do cinema de Tim Burton já sabem que se trata de Edward Mãos de Tesoura, um de seus mais adoráveis trabalhos que será exibido pelo Telecine Cult, às 22 horas. Cineasta dos excluídos, Burton conseguiu com esta fábula uma de suas melhores produções sobre as dificuldades em se aceitar o que é diferente. Desde a interpretação do elenco (com Johnny Depp à frente vivendo uma espécie de doce Frankenstein) até a música de Danny Elfman, o filme é uma agradável opção.

Sua estética de fábula contrasta com a secura de Sweeney Tod, mais recente filme de Burton, um musical sanguinolento que foi pouco compreendido, mas que revela, novamente, sua preferência pelos excluídos e oprimidos.

Che, resistência sem perder a ternura

Fonte: Jornal O Estado de São Paulo - 23/05/08

Mesmo com quase 4h30 de duração, obra de Steven Soderbergh sobre o guerrilheiro atraiu e seduziu um público enorme

Luiz Carlos Merten, CANNES

Steven Soderbergh trouxe um historiador, Jon Lee Anderson - biógrafo de Ernesto Che Guevara -, para a coletiva de seu filme sobre o mítico guerrilheiro cubano-argentino. Che divide-se em duas partes. Na primeira, é selada a aliança de Che e Fidel Castro, começa a campanha que, a partir de Sierra Maestra, conduz a Havana e ao triunfo da revolução contra Fulgencio Batista, entremeada de cenas em preto-e-branco que simulam um documentário sobre o Che na assembléia-geral das Nações Unidas (e defendendo a revolução junto a intelectuais norte-americanos). A segunda parte concentra-se na campanha boliviana. A primeira é épica, a segunda, centrada no fracasso, acentua as crises de asma que consumiam a figura real. Por detrás do mito, Soderbergh busca o homem.

Anderson disse que existem vários Ches Guevaras. Para os países ricos, do chamado Primeiro Mundo, ele é um item de consumo, uma t-shirt que os jovens, principalmente, consomem como a de qualquer outro ídolo da cultura de massas. Para os países do Terceiro Mundo, e especialmente os da América Latina, Che é um ícone da luta revolucionária e da resistência à opressão imperialista. O Che não sai de moda, assinala Anderson, e ele acha que sua importância não fica diminuída - pelo contrário - pelo fato de os representantes das classes oprimidas estejam chegando ao poder democraticamente, pelas eleições, sem derramamento de sangue. Ele poderia citar Luiz Inácio Lula da Silva no Brasil e Evo Morales, mas não o fez. Generalizou.

Soderbergh citou Morales. Che foi um precursor, pregando, há 40 anos, uma luta que os camponeses e índios bolivianos não apoiaram porque, de certa forma, ainda não tinham consciência de sua força. É uma frase do filme - quase no fim da segunda parte, o Che, derrotado, faz sua autocrítica, mas também diz que, quem sabe, no futuro, as massas bolivianas não se levantarão em nome de mudanças radicais? O futuro, na coletiva, ele deixa subentendido que chegou, o que relativiza a crônica do fracasso na segunda metade de seu filme. Che termina, aliás, com um plano enigmático que é bom não antecipar, mas com certeza terá de ser objeto de análise na estréia do filme.

Havia gente pelo ladrão para ver Benício del Toro - impressionante - na pele do Che, na quarta-feira à noite. Simultaneamente à sessão de imprensa, realizava-se, no Palais, a de gala, com direito a tapete vermelho. Che tem exatamente 268 minutos, quase 4h30 de duração. Passou em duas partes, e no meio a empresa produtora - a Warner França, que concordou em financiar o filme falado em espanhol - distribuiu sanduíches e água aos jornalistas de todo o mundo. O filme deixa uma impressão estranha. A primeira parte, a épica, é para cima e tem cenas de um western em que os mocinhos ganham. A segunda, a do fracasso - mesmo que relativo -, é para baixo e o herói trágico, demasiadamente humano, morre por seus erros, mas sem transigir com sua dignidade. Soderbergh disse uma coisa interessante - que não é preciso compartilhar as idéias do Che para reconhecê-lo como um dos grandes personagens do século 20 e o seu idealismo, a sua luta pela melhoria do ''outro'', como um marco da consciência humana.

Narrado quase como um documentário reconstituído, sem outras cenas íntimas que não aquelas que se referem ao personagem político - Che faz cinco filhos, mas não existe uma cena ''romântica'' -, o filme desconcerta justamente na segunda parte, que parece burocrática (como narrativa), mas que é a melhor, segundo Soderbergh. Ele não fez um filme respeitoso com o mito (ponto a seu favor). Soderbergh admira o personagem, mas falta alguma coisa - o quê? A paixão? Rodrigo Santoro, rapidamente entrevistado pelo Estado - ele faz o hoje presidente Raúl Castro -, amou a humanidade do Che de Soderbergh e disse que compartilhar da equipe montada pelo diretor, formada por técnicos e artistas de todo o mundo, foi como compartilhar o sonho universalista do Che.

Entrevista: Lucrecia Martel

Fonte: Jornal O Estado de São Paulo - 23/05/08

O mais argentino dos filmes de Lucrecia Martel

Em La Mujer sin Cabeza ela volta a falar da família e leva espectador à reflexão

Luiz Carlos Merten

Lucrecia Martel confessa-se surpresa e até mesmo um tanto perplexa. Ela pensou que estava fazendo com La Mujer sin Cabeza seu filme mais comercial, ou pelo menos o mais fácil, com o qual finalmente ganharia dinheiro no cinema - e ri quando conta isso -, mas a reação das pessoas nas entrevistas que tem dado, aqui no 61º festival, indicam que, na verdade, ela deu um grande nó na cabeça dos espectadores.

Por que você achou que A Mulher sem Cabeça seria mais facilmente assimilável do que O Pântano e A Menina Santa?

Porque este é um clássico filme em três atos. Bem, talvez exagere um pouco ao dizer ''clássico'', mas La Mujer sin Cabeza tem esses três momentos muito específicos - o acidente, a suspeita de uma mulher, de que pode ter matado alguém, e os desdobramentos do caso. Achei que tudo isso era mais claro do que a construção de meus filmes anteriores, mas pelo visto me enganei. Muita gente com quem tenho conversado simplesmente não entende o filme, ou me acusa de ter dificultado as coisas para o público.

Talvez seja o preço que você tenha de pagar por seu cinema, que não é exatamente conforme o modelo que o público brasileiro adora - histórias simples e humanas, contadas de forma direta. Digo isso, mas faço a ressalva de que seu cinema tem um público entusiasmado no circuito alternativo brasileiro...

Não tento complicar desnecessariamente as coisas. Para mim, o cinema é um sistema de pensamento. O plot, a trama, nunca é o mais importante, mas eu não posso me desligar dela, porque senão não conseguiria articular um discurso coerente. Acho que a riqueza do cinema argentino está na sua diversidade. Ainda não vi Leonera, mas ouço que Pablo (Trapero) criou uma história forte. Lisando Alonso, com quem talvez me identifique mais, está aqui com Liverpool. Ele é muito bom na sua maneira de partir de um detalhe para conseguir abordar o mundo. Cada um tem o seu estilo. O meu consiste em criar uma estrutura que expresse o que penso e também convide o espectador a pensar.

A piscina, a religião, o segredo - aqui a suspeita -, a família apodrecida, a vida na província. Todos os seus temas reaparecem aqui.

Mas são os temas que me interessam. Cresci numa cidade de interior, integrante de uma família enorme. Um clã, por assim dizer. É natural para mim colocar todas essas coisas em meus filmes, mas eu espero não me repetir. Essas coisas estão no filme, mas a serviço de outra reflexão.

Sobre o quê, exatamente?

Prosseguindo com aquilo que você falou antes, sobre as histórias simples e humanas, acho que isso é só uma parte do cinema e da realidade argentinos. Dou-me agora conta de que Uma Mulher sem Cabeça, que para mim é simples, é o mais argentino dos meus filmes e isso o torna complicado para o restante do público mundial.

Diretor explicita obsessão por Welles no Brasil

Fonte: Jornal Folha de São Paulo - 23/05/08

INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA

Em seu último filme, o diretor Rogério Sganzerla retomou uma velha obsessão: a passagem de Orson Welles pelo Brasil. Ninguém foi ao cinema ver "O Signo do Caos" (Canal Brasil, 0h30), no entanto.

Em parte, isso pode ser creditado ao tipo de trabalho de Sganzerla. Ele nem se dá ao trabalho de explicar que Welles esteve no Brasil nos anos 40, que seu filme foi interrompido, que em parte isso se deveu a pressões do governo, por conta de ele filmar o que bem entendia, e não o que o Brasil queria mostrar de si etc.

Mas, se não explica bem explicadinho, se dedica boa parte do filme à cena (fictícia) em que dois censores jogam os negativos na baía da Guanabara (já se sabia que isso nunca aconteceu, os negativos foram reencontrados nos Estados Unidos), é porque Rogério tinha outra questão.

Era: se Welles, que era Welles, afundou-se no Brasil, que dirá nós outros? O signo é esse: o traço negativo, a impossibilidade da obra (de um talento incomum, como era Sganzerla).

"Cuba me interessa menos do que Che", diz diretor

Fonte: Jornal Folha de São Paulo - 23/05/08

61º Festival de Cannes

Steven Soderbergh defende "Che", filme de quase cinco horas sobre a vida do guerrilheiro

Cineasta diz que gostou de "Diários de Motocicleta", de Walter Salles, que também enfoca a trajetória de Che Guevara

SILVANA ARANTES
ENVIADA ESPECIAL A CANNES

Filme-acontecimento do 61º Festival de Cannes, "Che", de Steven Soderbergh, foi exibido na noite da última quarta, em sessão-maratona de quase cinco horas de duração -as 4h28 do filme e um intervalo de 30 minutos entre suas duas partes.

Na primeira metade, o longa se debruça sobre a participação de Che na Revolução Cubana (1959) e avança até o discurso do guerrilheiro na ONU, em 1964. A segunda parte de "Che" se concentra nos 341 dias que ele passou na selva boliviana, treinando guerrilheiros, até sua morte, em outubro de 1967.

"Cuba é um assunto que me interessa menos do que Che", disse Soderbergh. "Mas há muitos aspectos da vida de Che que as pessoas não conhecem. Se contássemos o que ocorreu na Bolívia sem mostrar o que houve antes, não haveria o contexto para entender a história."

Protagonizado pelo ator norte-americano de origem porto-riquenha Benicio del Toro, "Che" custou US$ 60 milhões (R$ 98,9 milhões) e foi rodado na Espanha, Bolívia, México, Porto Rico e nos EUA -em Nova York (a cena da ONU).

O ator brasileiro Rodrigo Santoro interpreta Raúl Castro, irmão de Fidel (vivido pelo mexicano Demián Bichir). "Foi uma honra fazer parte deste projeto", disse Santoro. "Éramos atores de todas as partes da América do Sul, trabalhando juntos na selva. Parecia um sonho de Che."

"É necessário aplaudir o fato de que um realizador norte-americano tenha rodado dois filmes sobre Guevara em espanhol", observou o cineasta brasileiro Walter Salles, cujo "Diários de Motocicleta" aborda a juventude de Che. Com seu novo filme co-dirigido por Daniela Thomas, "Linha de Passe", Salles concorre com "Che" e outros 20 longas à Palma de Ouro desta edição.

"Não se pode fazer um filme com um mínimo de credibilidade sobre esse assunto sem que ele seja falado em espanhol", disse Soderbergh, que elogiou "Diários de Motocicleta"- "Walter o fez muito bem". Del Toro afirmou que "não foi fácil" atuar em espanhol. "Meu [sotaque] espanhol é de Porto Rico. Eu tinha 13 anos quando saí de lá e meu espanhol se manteve no mesmo nível. Che era um intelectual que se expressava no melhor espanhol."

Duas partes

Quando "Che" estrear nos cinemas, no próximo semestre, Soderbergh gostaria que ele fosse exibido em duas partes autônomas depois de uma semana em cartaz na versão integral. A distribuidora Warner, na França, porém, prevê lançar a primeira parte em outubro e a segunda em novembro.

O diretor achou "hilária" a recepção crítica desigual que seu filme teve em Cannes. "Enquanto uns o criticaram por ser muito convencional, outros cobraram mais momentos convencionais no filme", disse.

Sobre os que desaprovam o fato de "Che" ter um perfil positivo do guerrilheiro e favorável às suas ações, Soderbergh afirmou: "Conheço bem a argumentação dos que são anti-Che e sei que qualquer quantidade de barbaridades que incluíssemos nesse filme não seria suficiente para satisfazê-los".

Inscrições abertas para monitores

Fonte: Jornal Folha de São Paulo - 23/05/08

Estão abertas até 5 de junho as inscrições online para interessados em trabalhar como monitores na sétima edição da Mostra de Cinema Infantil de Florianópolis, de 27 de junho a 13 de julho. Os monitores recebem o público, orientam e participam de recreação com as crianças. Alguns requisitos são indispensáveis, como empatia com as crianças, pontualidade, iniciativa, dinamismo, paciência e compreensão. Mais informações e ficha de inscrição em www.mostradecinemainfantil.com.br.

Centenas de espectadores à espera da primeira fileira

Fonte: Jornal Folha de São Paulo - 23/05/08

Projeto do teatro da Univali agora está à procura de um mecenasUm projeto ousado e de grande potencial turístico e cultural em Itajaí está à procura de um mecenas. O Centro Cultural da Universidade do Vale do Itajaí (Univali) teve seu projeto aprovado pela Lei Rouanet do Ministério da Cultura no final do ano passado e agora corre atrás de parceiros privados para ganhar vida. O investimento total está avaliado em aproximadamente R$ 8 milhões.

Há oito anos, a pró-reitoria de pesquisa, pós-graduação, extensão e cultura busca dar forma ao "sonho cultural", como define a responsável pelo setor, Ane Fernandes. Mais do que um auditório, a intenção é construir um teatro para 700 espectadores, equipado com sistema de sonorização e iluminação, além de espaços para exposições, cursos, oficinas e palestras. Todo o complexo terá quatro mil metros quadrados de área construída, em frente ao campus um da Univali.

Com o projeto embaixo do braço, a Univali recorreu ao Ministério da Cultura para recolher recursos. A aprovação na Lei Rouanet possibilita a busca de parceiros no setor privado - as empresas podem usar a isenção fiscal até o equivalente a 4% do lucro líquido como investimento.

A apresentação do Centro Cultural aos empresários começará com a conclusão do projeto arquitetônico, elaborado pela equipe do escritório técnico do curso de arquitetura e urbanismo da Univali. Sob a coordenação de Rafael Cartana, arquiteto autor do projeto original, a principal diretriz para elaboração da proposta é a sustentabilidade. "Ela fica expressa na preocupação com baixo impacto ambiental da edificação e na busca de uma linguagem arquitetônica que tenha identidade com o Vale do Itajaí, sua população, cultura e atividades econômicas", define o arquiteto.

Para Ane Fernandes, os benefícios com o Centro Cultural atingirão não apenas a comunidade acadêmica, mas toda a região do Vale do Itajaí. Hoje, a cidade tem apenas dois teatros: o Municipal, com 500 lugares, e o próprio anfiteatro da Univali, para 700 espectadores. "Como está atualmente não podemos trazer eventos nacionais e internacionais por pura falta de estrutura", argumenta.

A falta de um local próprio e de grande porte tem emperrado até projetos da própria Univali, como exposições e mostras culturais. "A área de turismo na região também irá se beneficiar. Quando conseguimos trazer projetos culturais, toda a estrutura da cidade é envolvida", avalia. O reitor da universidade, José Roberto Provesi, também ressalta a potencialização das atividades com o novo espaço. "O complexo vai ser um centro de fomento à cultura, beneficiando toda a comunidade."

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Inicialmente, o projeto do Centro Cultural foi desenvolvido pelo professor Dalmo Vieira Filho, hoje superintendente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional

Rodrigo Santoro fala de "Che" em Cannes

Fonte: Jornal ... - 23/05/08

O ator brasileiro Rodrigo Santoro e outros profissionais falaram, ontem pela manhã para a imprensa, em Cannes, sobre "Che", filme de Steven Soderbergh que foi exibido quarta-feira no festival. O longa, exibido em duas partes, fala da trajetória do médico e guerrilheiro argentino Ernesto Guevara desde a revolução cubana até sua morte na Bolívia. O brasileiro vive Raúl Castro, irmão de Fidel e atual presidente de Cuba. Estrelado por Benicio del Toro, o filme tem quatro horas e meia de duração.

TV Cultura de SC retoma produções locais

Fonte: Jornal ... - 23/05/08

Com apenas seis funcionários, sem contar os colaboradores, a TV Cultura de Santa Catarina superou parcialmente as dificuldades financeiras, administrativas e tecnológicas para poder inaugurar a nova programação, no ar desde 29 de abril. Depois do hiato de um ano e meio, a emissora voltou a exibir produções locais.

Entre julho de 2006 e o final de abril deste ano, a prioridade foi recuperar a estrutura mínima para o funcionamento da TV. "Não dá para trocar o pneu com o carro andando. Quando eu entrei (em agosto de 2006), tinha um passivo de cerca de R$ 230 mil. A última coisa que podia assumir era a produção, porque não tinha dinheiro nem para pagar as contas. A TV estava administrativamente comprometida, financeiramente à beira da falência e tecnologicamente anulada. Tivemos que trabalhar nessas três frentes: gestão, compromissos fiscais e melhoria do sinal, porque a TV nem estava sendo assistida", explica o superintendente da TV Cultura do Estado, Áureo Moraes.

Uma parceria com a TV Cultura de São Paulo firmada em 2006, que seria uma importante fonte de recursos para a catarinense, foi rompida unilateralmente pelo lado paulista. Seria um acordo de remuneração pelos comerciais exibidos durante a retransmissão da programação da TV paulista.

"Em junho de 2007, mudou a cúpula da TV Cultura de SP e a Fundação Padre Anchieta, mantenedora da emissora, propôs a rescisão dos contratos assinados. Diante disso, aquilo que foi projetado não se concretizou", justifica o superintendente.

Áureo se refere aos planos de zerar dívidas até o final de 2007 (só conseguido parcialmente), implantação da TV digital terrestre e a contratação de jornalistas.

Mantida pela Fundação Jerônimo Coelho, sem fins lucrativos, a TV Cultura do Estado se ampara em projetos, apoios e convênios.

ALÍCIA ALÃO | FLORIANÓPOLIS

Yoko Ono obtém vitória judicial sobre filme

A artista plástica e viúva de John Lennon, Yoko Ono, ganhou na Justiça o direito de que um filme do músico não seja exibido, informou a versão on-line do jornal "Boston Herald". A empresa World Wide Video processava Yoko por violação de copyright, ao impedir a divulgação do material sobre o músico que a produtora comprou em 2000. Nas cenas, além de compor e ensaiar, Lennon fuma maconha, fala de suas experiências com drogas e do ex-presidente americano Richard Nixon.

Alternativos ao estrelato

Florianópolis Audiovisual Mercosul tem 14 produções catarinensesLonge da pirotecnia e da enxurrada de efeitos especiais do cinemão de Hollywood, o Florianópolis Audiovisual Mercosul (FAM) chega a sua 12ª edição como um alento para quem busca alternativas na tela grande. Oportunidade para cinéfilos conhecerem filmes de países vizinhos e até da Escandinávia, com a mostra especial de cinema finlandês. As sessões acontecem no Teatro do CIC entre os dias 6 e 13 de junho, com entrada gratuita.

A lista de selecionados do 12o FAM mostra a forte tendência de produção de vídeos em Santa Catarina. Dos 14 selecionados do Estado para as mostras competitivas, 11 estão na categoria. Curtas de 35mm e infanto-juvenil são as outras modalidades em disputa, além da mostra extra, longas convidados e um panorama do cinema da Finlândia.

Além das sessões, a atriz Júlia Lemmertz e o cineasta Roberto Farias estarão presente na Capital para receber homenagens. O evento também repete a realização do Fórum Audiovisual Mercosul, que reúne autoridades para debater sobre o desenvolvimento da produção audiovisual e a constituição de políticas afirmativas para o setor, em níveis estadual, continental e universal. O secretário do Audiovisual do Ministério da Cultura, Silvio Da-Rin, e o diretor da Agência Nacional de Cinema (Ancine), Sérgio Sá, participarão das discussões.



12º FAM
CATARINENSES
- Mostra Competitiva de Curtas 35mm Mercosul
"Desilusão", de Bob Barbosa e Marco Stroisch
- Mostra Competitiva de Vídeos Mercosul
"Aquário", de Cíntia Domit Bittar
"Saiu na TV", de Bernardo Garcia
"História", de Marcelo Sabiá
"Ouroboro", de Maurício Antônangelo
"Kage", de Rafael Irie
"Um Dedo de Prosa", de Gabriela Damasceno
"Quanto ao Futuro", de Christian Abes
"Sonido", de Fernanda Fraiz e Cibele Rosa
"Vim Dizer que Estou Indo", de Yannet Briggiler
"A Caminho", de Sebastião Braga
"À Luz de Schwanke", de Maurício Venturi e Ivaldo Brasil
- Mostra Competitiva Infanto-juvenil
"Doce Turminha e o Bom Samaritano", de Eduardo Drachinski
"Leste do Sol, Oeste da Lua", de Patrícia Monegatto Lopes

Não quero para mim a caveira de cristal do 4º Indiana Jones

Fui ver "Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal" em Detroit, numa sessão quase lotada pros críticos. O entusiasmo era tangível. Um carinha foi vestido a caráter, com chapéu, calça-cáqui e chicote. Houve aplausos dispersos quando apareceu o logo da Lucasfilm. Só que, lamento dizer, após a sessão não presenciei muito entusiasmo. Os críticos foram embora caladinhos. E olha que todos eles, eu inclusa, têm uma ligação sentimental com a série. A gente sabe perfeitamente que os personagens são ícones da nossa infância e adolescência. Pra mim, ver "Caçadores da Arca Perdida" aos 14 anos foi como se eu estivesse numa montanha-russa.

Foi a primeira vez na vida que o cinema me fez sentir assim. Duvido que o pessoalzinho de 14 anos de hoje vai encarar Indiana da mesma forma. Pra essa nova geração, suponho que a franquia (que obviamente será lucrativa, e haverá um quinto e provavelmente um sexto filme, mesmo sem o Harrison Ford) não vai se distinguir muito dos outros filmes atuais de ação. Meu veredito, estritamente pessoal, é que este Cristal é o pior dos quatro Indies, fácil. Mas, ainda assim, uma boa matinê.

Começando pelo que gostei: o Harrison Ford pode estar velhinho, mas ainda dá um caldo. E é legal que o roteiro se encarregue de fazer piadinhas com a idade dele pra tirar a graça das nossas. Por exemplo, logo de cara Indy diz que antes o trabalho era mais fácil, porque ele era mais jovem. Não que encontre a mínima dificuldade pra derrotar um exército de inimigos. E o Shia LaBeouf, que tá bem na sua entrada de moto imitando o Marlon Brando em "O Selvagem", pergunta a Indy: "Você deve ter o quê, uns 80 anos?".

Hum, gostei das cenas com a areia mais ou menos movediça, com as formigas gigantes e com a caveira de cristal espantando as formigas, como o fogo fazia com as cobras em "Caçadores da Arca Perdida". O duelo de espadas e o Shia se equilibrando entre dois carros estão ok, mas os macacos? Nada a ver. Talvez seja uma homenagem ao macaquinho encantador/traiçoeiro de "Caçadores", talvez seja uma homenagem ao Tarzan.

Mas tá fraco. E um dos motivos é que os símios são tão claramente gerados por computador que mal parecem reais.

LOLA ARONOVICH DETROIT

Fonte: Jornal A notícia - 23/05/08