sexta-feira, 23 de maio de 2008

Não quero para mim a caveira de cristal do 4º Indiana Jones

Fui ver "Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal" em Detroit, numa sessão quase lotada pros críticos. O entusiasmo era tangível. Um carinha foi vestido a caráter, com chapéu, calça-cáqui e chicote. Houve aplausos dispersos quando apareceu o logo da Lucasfilm. Só que, lamento dizer, após a sessão não presenciei muito entusiasmo. Os críticos foram embora caladinhos. E olha que todos eles, eu inclusa, têm uma ligação sentimental com a série. A gente sabe perfeitamente que os personagens são ícones da nossa infância e adolescência. Pra mim, ver "Caçadores da Arca Perdida" aos 14 anos foi como se eu estivesse numa montanha-russa.

Foi a primeira vez na vida que o cinema me fez sentir assim. Duvido que o pessoalzinho de 14 anos de hoje vai encarar Indiana da mesma forma. Pra essa nova geração, suponho que a franquia (que obviamente será lucrativa, e haverá um quinto e provavelmente um sexto filme, mesmo sem o Harrison Ford) não vai se distinguir muito dos outros filmes atuais de ação. Meu veredito, estritamente pessoal, é que este Cristal é o pior dos quatro Indies, fácil. Mas, ainda assim, uma boa matinê.

Começando pelo que gostei: o Harrison Ford pode estar velhinho, mas ainda dá um caldo. E é legal que o roteiro se encarregue de fazer piadinhas com a idade dele pra tirar a graça das nossas. Por exemplo, logo de cara Indy diz que antes o trabalho era mais fácil, porque ele era mais jovem. Não que encontre a mínima dificuldade pra derrotar um exército de inimigos. E o Shia LaBeouf, que tá bem na sua entrada de moto imitando o Marlon Brando em "O Selvagem", pergunta a Indy: "Você deve ter o quê, uns 80 anos?".

Hum, gostei das cenas com a areia mais ou menos movediça, com as formigas gigantes e com a caveira de cristal espantando as formigas, como o fogo fazia com as cobras em "Caçadores da Arca Perdida". O duelo de espadas e o Shia se equilibrando entre dois carros estão ok, mas os macacos? Nada a ver. Talvez seja uma homenagem ao macaquinho encantador/traiçoeiro de "Caçadores", talvez seja uma homenagem ao Tarzan.

Mas tá fraco. E um dos motivos é que os símios são tão claramente gerados por computador que mal parecem reais.

LOLA ARONOVICH DETROIT

Fonte: Jornal A notícia - 23/05/08

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