segunda-feira, 19 de maio de 2008

Esclarecimentos

Oie gente!

Foram postadas aqui, todas as notícias publicadas no meu outro blog:
www.allycenourinha.blogspot.com - "cinemaniaca".

Algumas estão sem fonte, data e referência. As mais recentes estão ok!

Espero que gostem! =)

A volta de Indiana Jones

Fonte: Revista Isto é - Acesso em 19/05/08 - http://www.istoe.com.br/

Ausente dos cinemas há duas décadas e agora interpretado por um Harrison Ford sessentão, o popular herói dos filmes de aventura retorna em Indiana Jones e o reino da caveira de cristal

IVAN CLAUDIO Colaborou Natália Rangel

EM FORMA Indiana Jones (Harrison Ford) briga com um soldado russo na nova aventura filmada, em parte, em florestas do Havaí

As novas gerações não viram Indiana Jones nos cinemas – a sua última aparição nas telas aconteceu em 1989. Pois bem, um dos heróis recentes mais aclamados dos filmes de aventura está de volta depois de quase duas décadas de descanso em sua quarta e eletrizante apresentação, no aguardado filme Indiana Jones e o reino da caveira de cristal – estréia no Brasil e em diversos países no feriado da quinta-feira 22. O seu retorno marca também o reencontro de três das maiores estrelas de Hollywood: Steven Spielberg, diretor de toda a série, George Lucas, criador do personagem e dos enredos, e o ator Harrison Ford, que aos 65 anos encarna mais uma vez o corajoso e bem-humorado Indiana. É para as novas gerações que se endereça a atual versão: Indiana Jones é um professor e arqueólogo americano que enfrenta tribos selvagens, árabes ensandecidos e nazistas armados até aos dentes em explorações arriscadas nos confins do mundo, tudo para ganhar a posse de raridades arqueológicas dotadas de poderes sobrenaturais. Apesar da coragem com que enfrenta perigos de toda ordem, ele tem um ponto fraco: morre de medo de cobras. Uma de suas idiossincrasias, comum em todas as histórias anteriores e que até virou parte de seu charme, continua presente: o personagem veste no calor dos trópicos uma jaqueta de couro, não a tira sob nenhum pretexto, e usa um chapéu de feltro mais apropriado ao inverno dos EUA. Mantém ainda o seu chicote afiado. As três aventuras (a primeira foi em 1981), que estão sendo relançadas em DVD, renderam em bilheteria cerca de US$ 1,18 bilhão.

O arqueólogo conta a com a ajuda de Mutt (Shia LaBeouf) e Marion (Karen Allen)

Desde que foi anunciada a filmagem desse quarto episódio, uma superprodução de US$ 125 milhões, ele passou por diversos títulos. Alguns deles: Indiana Jones e a cidade dos deuses, Indiana Jones e o destruidor dos mundos, Indiana Jones e os quatro cantos da terra, Indiana Jones e a cidade perdida do ouro, Indiana Jones em busca da santa aliança. Como parte de uma calculada estratégia de marketing, toda vez que Spielberg se referia ao novo trabalho dizia apenas que estava se divertindo bastante com “Indiana Jones e ...” – soletrava então, de forma incompreensível, qualquer coisa sem sentido. A expectativa foi crescendo até que o ator Shia LaBeouf, que interpreta o novo parceiro de aventuras de Indiana, soltou o título da produção durante o MTV Music Awards, em setembro do ano passado. A partir daí, o tal “reino da caveira de cristal” passou a cintilar na curiosidade dos fãs, mas ninguém estava autorizado a dizer nada sobre o que se passava dentro dos quatro estúdios em que Spielberg enfurnou-se por três meses (as cenas de florestas tiveram locações naturais no Havaí). Como quem guarda um tesouro, o diretor exigiu que os atores e toda a equipe técnica assinassem um termo de compromisso que os proibia de revelar qualquer detalhe da produção. Foi o ator Tyler Nelson quem cometeu a inconfidência. Mero figurante do filme (interpreta um soldado russo que dança balalaica), ele concedeu entrevista a um jornal de sua cidade natal, a obscura Edmond, em Oklahoma, revelando que a história mostrava Indiana Jones e o exército soviético brigando por uma relíquia de quartzo. Foi processado por Spielberg e na montagem final cortaram a sua dança folclórica.

Passada em 1957, em plena Guerra Fria, que opôs o países capitalistas e comunistas (respectivamente capitaneados pelos EUA e pela extinta União Soviética), a trama mostra Indiana Jones numa expedição particular ao Peru em busca da tal peça sumida. Não se trata de uma relíquia qualquer: o objeto sagrado pertence ao reino de Akator (referência ao reino subterrâneo de Akakor, que teria existido na fronteira entre o Brasil e o Peru) e guarda poderes desconhecidos que podem levar um povo a dominar o planeta. Os russos, por exemplo, e seu batalhão de homens de verde. À frente deles está a bela e fria oficial Irina Spalko, cujo papel ficou a cargo de Cate Blanchett. Spielberg quis que Cate tivesse ares da estrela alemã Marlene Dietrich, famosa por interpretar espiãs nos anos 30. Do outro lado do confronto, está Indiana e ele ganhou um amigo bem mais jovem, o “rebelde sem causa” Mutt Williams, interpretado por Shia LaBeouf. Spielberg pediu que o ator assistisse aos filmes Juventude transviada (com James Dean) e O selvagem (com Marlon Brando) para que entrasse no clima de seu personagem. LaBeouf não economizou na brilhantina do topete empinado. Algo pode parecer errado para os saudosistas que esperam ver na tela um personagem estacionado no tempo no que diz respeito a sua idade – ou seja, esperam pelo Indiana Jones jovem das três aventuras anteriores. É justamente aí que está um dos golpes de mestre de Lucas e Spielberg: eles envelheceram 20 anos o personagem para, dessa forma, poderem manter o galã Harrison Ford nesse papel. Tem-se, assim, um Indiana Jones sessentão.

Esse foi, com certeza, um dos fatores que emperraram o projeto desse quarto episódio: ainda que quisesse, Ford não conseguiria encarnar um Indiana com o mesmo vigor de duas décadas atrás. Ele está em forma, mas o tempo é implacável também para os astros e impõe os seus limites. Segundo o ator, que se submeteu a uma dieta de proteínas e a três horas diárias de academia, basta colocar o chapéu de feltro e a jaqueta de couro para o personagem “baixar” novamente. E ele jura ter dispensado dublês em muitas cenas de ação: “No primeiro filme eu rompi um ligamento do joelho, no segundo tive um problema nas costas que me levou à cirurgia em meio às filmagens. Agora, apesar de mais velho, não saí com nenhum machucado.” Há, no entanto, outro motivo para a demora no retorno do herói às telas. Em entrevista à revista americana Vanity Fair, Lucas contou que tanto Spielberg quanto Ford não gostavam da história que ele havia lhes apresentado, ainda em 1993. Nesse ano, Lucas se encontrara com Ford nas filmagens do seriado de tevê O jovem Indiana Jones e veio então a idéia de retomar a saga, desde que estivesse presente nela a tal caveira de cristal. “Sem a caveira, nada de Indiana”, dizia Lucas. Ao longo de 15 anos a história foi sendo desenvolvida por roteiristas do porte de N. Night Shyamalan (O sexto sentido), Frank Darabont (Um sonho de liberdade) e Chris Columbus (Harry Potter e a câmera secreta). Chegou- se enfim a um acordo (caveira mantida) justamente com a versão que envelhecia o herói. “O personagem batia com a minha idade, vivia um outro momento histórico e o que li era um grande roteiro. Então respondi: legal, vamos fazer mais um”, disse Ford. Com esses ajusajustes, outras novidades foram sendo incorporadas. A primeira delas é que, com a ação no período da Guerra Fria, a referência cinematográfica não deveria mais ser os matinês dos anos 30: a trama tem agora um jeitão de ficção científica série B. Não faltam, é claro, as impagáveis cenas de areia movediça, típicas dessas produções mais baratas.

VILÃ Cate Blanchett interpreta a militar Irina Spalko, em raro papel de ação

Sempre perfeccionista, Spielberg mandou o fotógrafo Janusz Kaminski “estudar” todos os títulos anteriores filmados por Douglas Slocombe para que o visual do presente não destoasse demais. Outra operação se deu em relação à reconstituição de cenários, como a Universidade Marshall, onde Indiana Jones dá aula com o nome de Henry Jones. O diretor evitou também o ritmo frenético dos blockbusters atuais porque acredita que o humor e a graça do personagem e das situações que ele vive vêm da tradição da comédia muda de Charles Chaplin e Buster Keaton. “Para conseguir o lado cômico que procuro nos filmes de Indiana, só mesmo sendo fora de moda”, disse Spielberg ao jornal The New York Times. Resta saber, no entanto, se a nova geração, que não teve a felicidade de ver Indiana Jones nos cinemas, vai gostar desse estilo cool e pleno de referências ao passado. Em 1981, quando Lucas e Spielberg revolucionaram os filmes de aventura, eles eram os grandes e terríveis rebeldes em Hollywood – Spielberg tinha 35 anos e ainda não filmara o seu clássico E.T. – o extraterrestre; Lucas contava 37 anos e se consagrava com O império contra-ataca. Hoje, os enfants terribles do cinema americano são os irmãos Wachovski, adeptos de uma estética bem mais alucinante. Mas bastou o trailer do novo Indiana Jones ser colocado no ar para, em cinco dias, ser visto por mais de dois milhões de internautas (o equivalente a 278 acessos por minuto). A julgar por esse número, o velho Indiana Jones ainda tem fôlego para muitas aventuras.

“SOU IMPREGNADO DE INDIANA JONES”

ISTOÉ – Qual é a sua lembrança do primeiro convite para interpretar Indiana Jones?
Harrison Ford – Tom Selleck fora convidado, mas não pôde aceitar porque estava comprometido com uma série televisiva. Recebi então um telefonema de George Lucas me pedindo para ler o roteiro e depois encontrar Steven Spielberg em sua casa. Eu não o conhecia, mas estava muito entusiasmado com a história. O encontro foi ótimo. Deu no que deu.

ISTOÉ – É verdade que o personagem iria se chamar Indiana Smith?
Ford – Não tenho idéia de onde George o tirou. O que sei é que Indiana era o nome do cachorro que ele tinha.

ISTOÉ – Como deu tanta personalidade ao personagem?
Ford – Quando se lê que ele anda com um chicote, usa um chapéu de feltro e não tira a jaqueta de couro na selva, percebe-se que ele é uma pessoa particular. É só vestir suas roupas para logo compreender quem ele é. E, então, saber o que o ator tem de fazer.

ISTOÉ – Então foi só colocar de novo o chapéu para ele retornar?
Ford – Sim. Tive uma longa experiência como Indiana Jones e não me surpreende que eu esteja impregnado dele.

ISTOÉ – Por que o público se identifica tanto com Indiana Jones?
Ford – Porque ele vive aventuras imprevisíveis. O que mais atrai, no entanto, é a alegria e o prazer proporcionados por uma história bem contada.

ISTOÉ – O que impressiona em Spielberg?
Ford – A sua fluência e talento cinematográficos. Tem apurado senso de como o cinema funciona e ama todo esse processo, o que dá prazer de trabalhar ao seu lado.

ISTOÉ – Acreditava que seria possível retomar a série depois de 19 anos?
Ford – Eu imaginava que isso iria acontecer um dia. Cinco ou seis anos depois do terceiro episódio, começamos a conversar sobre essa possibilidade.

ISTOÉ – Foram escritos muitos roteiros?
Ford – Algumas versões da história não foram na direção certa, mas eu sabia que iríamos achar o tom.

ISTOÉ – Harrison Ford, 19 anos mais velho, agora com 65 anos de idade. Isso é mostrado com humor no filme?
Ford – Indiana está tão bem conservado como eu.

ISTOÉ – Muitos atores evitam as continuações. Não é o seu caso.
Ford – O show business tem sido generoso comigo.

"Indiana é uma pessoa particular. É só vestir as suas roupas para logo se compreender quem ele é" Harrison Ford, ator

O que dizem os sonhos

Fonte: Revista Isto é - Acesso em 19/05/08 - www.istoe.com.br
Como a psicologia, a neurociência e as religiões analisam as mensagens que vêm à tona durante o sono e por que interpretá-las corretamente é fundamental para melhorar a sua vida
CLAUDIA JORDÃO E JONAS FURTADO

RELAXAMENTO Um despertar tranqüilo ajuda a fixar na memória o que foi sonhado à noite

A jovem sonha que está sendo atacada por uma cobra em um sítio. Ao tentar se desvencilhar do animal, percebe que está cercada por outras serpentes. A maior delas não demora para se enrolar em sua cintura, deixando-a totalmente imobilizada e impotente. Assustada, a garota acorda e se pergunta, intrigada: que mensagem estaria por trás daquela experiência onírica? Sonhos podem ser interpretados de muitas maneiras, dentro das mais variadas crenças, culturas, filosofias, religiões e linhas científicas. Mas ninguém estudou tão profundamente o assunto quanto o psiquiatra suíço Carl Gustav Jung. Para desvendar os mistérios do sono, ele recorria aos símbolos universais do que chamou de inconsciente coletivo. Uma cobra, por exemplo, pode significar morte, cura ou transformação. Médicos neurologistas defendem que as imagens que povoam a mente das pessoas durante o sono são, muitas vezes, resultado de percepções e de memórias antigas que vêm à tona e se encaixam. Isso explicaria os sonhos que parecem trazer soluções para a vida real, como a história do físico alemão Albert Einstein, que concluiu a Teoria da Relatividade depois de um cochilo.

O sonho relatado na página 56 tornou- se exercício de interpretação da primeira turma do curso Os Sonhos e a Jornada do Herói, aberto no mês passado pela Coordenadoria-Geral de Especialização (Cogeae) da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUCSP). Organizada pelo psicólogo e professor de mitologia Guilherme Kwasinski, a disciplina propõe a análise dos sonhos a partir da classificação de arquétipos idealizada por Jung e referendada pelo mitólogo Joseph Campbell no clássico O herói das mil faces (leia quadro à pág. 61). “Há muitos paralelos entre os dois estudos. Campbell dizia que o mito é o sonho coletivo, enquanto o sonho é o mito pessoal de cada indivíduo”, cita Kwasinski. Com inscrições disponíveis para o público em geral, todas as 25 vagas foram esgotadas – havia ainda fila de espera. Devido ao sucesso, as aulas serão oferecidas novamente no segundo semestre e são grandes as chances de ganharem cadeira cativa no portfólio de cursos de extensão da universidade.

VIAGEM Os espíritas acreditam que, em alguns sonhos, a alma da pessoa desencarne e “viva” situações fora de seu corpo

“Nós nos iludimos no dia-a-dia, trabalhamos com o que e com quem não gostamos, temos que nos enquadrar nos padrões da sociedade. Os sonhos ajudam a mostrar quem somos na essência, são um caminho para o autoconhecimento, para a nossa verdade mais profunda”, afirma Kwasinski. Segundo os métodos do curso, o herói, personagem principal do sonho, é sempre a pessoa que está sonhando e a experiência onírica é dividida em três partes. Para começar, apresenta-se um ambiente e uma situação, como nas primeiras imagens de um filme. A seguir, desenvolve-se um enredo, o vilão (chamado de sombra) se manifesta, os personagens definem seu papel na história (como os arquétipos de Jung e Campbell) e o herói inicia um caminho de conflitos, provações – e cheio de pistas. Na última seção, acontece o grand finale: respostas são oferecidas e a trama é concluída. A psicóloga suíça Marie-Louise von Fraz, uma das maiores colaboradoras e defensoras das idéias de Jung, dizia que a última frase de um sonho merece uma atenção especial, pois é na interpretação dela que reside a chave para a solução do enigma. “O sonho é uma simulação do futuro possível com base no passado conhecido”, resume Sidarta Ribeiro, neurocientista e diretor científico do Instituto Internacional de Neurociências Edmond e Lily Safra, em Natal, Rio Grande do Norte.
Detectar e classificar os personagens que aparecem no sonho é o primeiro passo da interpretação. Reconhecer o sábio, os aliados, a cara-metade do sexo oposto, o mensageiro, o rival e seus comparsas torna possível a compreensão das atitudes de cada um deles. Pode ser mais difícil do que parece, pois não necessariamente todo sonho será povoado por todos esses arquétipos – que também podem estar representados por símbolos abstratos, em vez de pessoas. Mapeado quem é quem na história, devem-se analisar o enredo em si e suas particularidades (tempo, espaço, situações), para desvendar a aventura proposta e os meios de realizá- la. A jornada do herói é bem-sucedida quando ele conquista seu objetivo e, mais do que isso, acumula conhecimentos valorosos para melhorar a própria vida e a dos que estão à sua volta.

“Interpretar corretamente o próprio sonho ajuda a perceber com o que estamos insatisfeitos para fazer pequenos ajustes ou iniciar grandes transformações pessoais”, diz Kwasinski, que tem mais de três mil sonhos pessoais anotados desde 1983, classificados por épocas e temas, aos quais ele recorre em busca de explicações para o próprio comportamento cotidiano – o pai da psicanálise, Sigmund Freud, definiu o sonho como o caminho real para o inconsciente em uma de suas mais célebres afirmações. “De tempos em tempos, temos sonhos maravilhosos, como as obras-primas de grandes artistas, que nos trazem revelações surpreendentes. Decifrá-los é o caminho para compreendermos melhor nossos desejos e a nós mesmos”, completa o professor.
Manter um diário é fundamental para uma análise profunda de seus significados. O hábito permite traçar um panorama dos sonhos mais recorrentes ao longo da vida para tentar entender a mensagem contida neles, assim como identificar os verdadeiros temores por trás dos grandes pesadelos. Para tanto, o sonho deve ser anotado assim que se acorda. Um despertar tranqüilo ajuda a lembrar de detalhes e pessoas envolvidas. “Todo mundo sonha. Mas aquelas pessoas que acordam com o barulho de um despertador e saem correndo da cama para tomar um banho ou preparar o café da manhã inibem a liberação de noradrenalina, que são neurotransmissores auxiliares da manutenção da memória. Como a noradrenalina não é liberada durante o sono, é importante dar um tempo para que isso ocorra nos primeiros momentos desperto”, diz Ribeiro. O neurocientista recomenda também que uma auto-sugestão seja feita antes de dormir – ou seja, cada um deve reafirmar para si mesmo o desejo de sonhar durante o sono.

Desde que o homem existe, os sonhos são cercados de mistérios. Para os povos antigos, eles carregavam algo de sobrenatural. Eram vistos como um meio de a pessoa receber orientações e mensagens do além, tanto das divindades quanto dos mortos. Os egípcios e gregos, por exemplo, pensavam ser possível estabelecer contato com os deuses. E, assim como os espíritas de hoje em dia – que acreditam na possibilidade de interação com almas desencarnadas enquanto dormimos –, os chineses estavam certos da possibilidade de encontrar os mortos. Cada povo, cultura e tradição lida com o sonho de um modo particular. Há os que não dão a mínima para o assunto. E há também aqueles que se dedicam a interpretálos, numa tentativa de se tornar indivíduos melhores e de viver com mais segurança. É o caso da tribo senoi, na Malásia. Lá, sempre que acordavam, as crianças costumavam relatar seus sonhos aos pais. Recebiam conselhos e suas mensagens eram vistas como dicas importantes para a rotina diária da aldeia. Era a partir das experiências dos pequenos e do que aquilo simbolizava para a tribo que decisões, como época de plantar e colher, eram tomadas.

SAGRADO Na Bíblia, há mais de 700 referências a sonhos e visões. Uma das mais famosas é com José carpinteiro

O candomblé também incentiva seus seguidores a interpretar os sonhos, numa tentativa de se blindar de problemas. “Sonhar com um banho de mar pode indicar que a pessoa está ‘carregada’ espiritualmente”, atesta o líder espiritual e presidente do Centro Cultural Africano, em São Paulo, Atunba Adekunle Aderonmu. “Ao acordar ela deve se purificar, participando de um ritual de limpeza ou tomando banho de sal grosso”, diz ele. O candomblé conta que entidades como Ogum, Oxum e Iansã costumavam ter sonhos premonitórios. É por isso que a aceitação dessas mensagens pelos afro-brasileiros têm tanta força.

“O sonho é muito importante para todas as culturas ancestrais. No mundo ocidental, ainda se dá pouca atenção a ele. É importante conciliar a vigília (quando estamos acordados) com a vida onírica”, defende Ribeiro. O neurocientista diz prestar ainda mais atenção em seus sonhos quando se vê pressionado por alguma situação extrema, no trabalho ou na vida pessoal. Uma atitude parecida com a desempenhada por seguidores do budismo tibetano, que usam os sonhos para entender os momentos de vida em que se encontram. “É comum os lamas pedirem às pessoas com quem convivem para que elas lhe relatem seus sonhos. Eles possuem seus próprios símbolos e buscam mensagens”, resume Arnaldo Bassoli, psicoterapeuta e presidente do Comitê Brasileiro de Apoio ao Tibete no Brasil. Através da ioga dos sonhos, prática voltada para budistas avançados, a pessoa desenvolve a habilidade de se manter consciente nesses momentos. “Isso não significa que haja uma preocupação em interpretar os sonhos. A ioga prega a consciência plena mesmo ao dormir, para que a pessoa esteja sempre desperta, com a mente limpa, livre de distorções”, diz Bassoli.
Passagens de sonhos são recorrentes nas escrituras sagradas. Na Bíblia, os profetas José e Daniel receberam de Deus o dom de desvendá-los. O primeiro interpretava as visões do rei do Egito e o segundo traduzia os relatos de Nabucodonosor. O texto sagrado reúne mais de 700 citações de sonhos e visões. Numa das mais famosas, São José é avisado pelo anjo Gabriel que Maria carrega no ventre uma criança divina. “Na Bíblia, o sonho não deixa de ser uma ferramenta literária, uma maneira que se encontrou para transmitir uma mensagem”, afirma o biblista cônego Celso Pedro da Silva. O professor de teologia da PUC Rafael Rodrigues prefere dar outra explicação. “Esses relatos bíblicos têm como marca fundamental revelar a palavra de Deus por meio da profecia”, diz. Grande parte do conteúdo do Corão, livro sagrado do Islã, foi revelada ao profeta Maomé em sonho. E nos Vedas dos hindus há relatos oníricos favoráveis e desfavoráveis.

Independentemente da crença, é durante a fase de alta atividade neural do sono (chamada de REM, rapid eye movement) que as revoluções oníricas acontecem. De importância comprovada para o fortalecimento da memória, os sonhos começam a ter seu papel reconhecido também na reestruturação dela, de forma a gerar novos comportamentos. Ou seja: sonhar estimula a criatividade. “Durante o sono de ondas lentas, não há sonhos, apenas pensamentos no escuro. Quando aumenta a atividade neural e as memórias começam a interagir, é como se acendesse a luz do projetor e começasse a sessão de cinema”, compara Ribeiro. O melhor de tudo é que os filmes em cartaz são sempre para lá de especiais: eles foram produzidos e estrelados por você.

O fantástico mundo em preto e branco do canadense Guy Maddin

Mudo, Brand Upon the Brain homenageia o expressionismo dos filmes alemães

Ubiratan Brasil

O canadense Guy Maddin é habitualmente chamado de diretor excêntrico - e suas estripulias visuais confirmam o epíteto. Basta lembrar de A Música Mais Triste do Mundo, exibido na Mostra de 2003 e trouxe, entre outras imagens, Isabella Rossellini com pernas postiças cheias de cerveja. Ou mesmo de Brand Upon the Brain, que será exibido hoje.

O filme, que homenageia o expressionismo alemão, conta a história de um garoto que vive, ao lado de outros meninos, preso a uma ilha. Lá, eles são aterrorizados por um cientista, que não sai de seu laboratório, e pela mulher dele, também mãe do menino, que utiliza o farol da ilha para espionar os segredos dos outros.

Não há diálogos, mas o som é tão importante quanto as imagens. É que a história é contada por uma narradora (no original, a mesma Isabella Rossellini), além de ser recheada de efeitos sonoros. Isso permite transformar a exibição em um espetáculo.É o que vai acontecer quando o filme for exibido na terça-feira, no Sesc Pinheiros, a partir das 21 horas. Lá, vai se repetir a mesma performance do Festival de Berlim, ou seja, uma orquestra e cantores líricos vão executar ao vivo a trilha sonora, enquanto a narração ficará sob a responsabilidade de Marília Gabriela.

O próprio Guy Maddin participa da trama, no papel do garoto já crescido que retorna à ilha anos depois. Ele faz isso atendendo a um pedido da mãe já moribunda, que solicita ainda que todo o farol seja pintado de branco. Mas, à medida que executa a tarefa, Maddin volta a conviver com fantasmas das pessoas que ali conviveram com ele, o que o impossibilita de realizar a tarefa.

O diretor brinca com praticamente todos os recursos que tornaram famoso o cinema, no início de sua história, como o uso da sonoridade para construir o suspense, uma edição um tanto abrupta e um roteiro que beira o absurdo, recheado por situações delirantes como o objetivo do cientista em manter presos tantos órfãos: deles, ele extrai uma pequena parcela do cérebro para elaborar um néctar precioso.

Aos 50 anos, Guy Maddin rende uma homenagem pessoal ao cinema mudo. Antes de se tornar diretor, ele estudou economia, mas, ao trabalhar em um banco, percebeu que detestava aquela rotina. Passou então a pintar casas para ganhar algum dinheiro, porém a incidência cada vez maior com que desejava que chovesse o convenceu de que aquilo também não era o que queria fazer da vida. Foi quando amigos cinéfilos o convidaram a assistir a algumas projeções de filmes - quase sempre do período silencioso - em 16 mm. Ficou fascinado, especialmente por Luis Buñuel e Erich Von Stroheim.

Com o tempo, descobriu nova influência, de David Lynch, com destaque para Eraserhead. Em pouco tempo, partiu para a prática e, em 1986, estreou com The Dead Father, iniciando uma carreira que já conta com 33 filmes, a maioria em preto-e-branco e mudos, o que lhe garantiu o rótulo de cineasta experimental.

Boas vindas!

Oie gente!
Este blog servirá para eu postar as "notícias interessantes" que eu costumava postar no blog cinemaniaca.
Além de postar as notícias sobre cinema, irei começar a postar outras notícias que julgo interessantes em outras áreas de interesse, que de uma forma ou de outra podem inspirar roteiros, críticas, ensaios, assuntos de cinema e afins.
Espero que gostem! =)