sexta-feira, 23 de maio de 2008

Diretor explicita obsessão por Welles no Brasil

Fonte: Jornal Folha de São Paulo - 23/05/08

INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA

Em seu último filme, o diretor Rogério Sganzerla retomou uma velha obsessão: a passagem de Orson Welles pelo Brasil. Ninguém foi ao cinema ver "O Signo do Caos" (Canal Brasil, 0h30), no entanto.

Em parte, isso pode ser creditado ao tipo de trabalho de Sganzerla. Ele nem se dá ao trabalho de explicar que Welles esteve no Brasil nos anos 40, que seu filme foi interrompido, que em parte isso se deveu a pressões do governo, por conta de ele filmar o que bem entendia, e não o que o Brasil queria mostrar de si etc.

Mas, se não explica bem explicadinho, se dedica boa parte do filme à cena (fictícia) em que dois censores jogam os negativos na baía da Guanabara (já se sabia que isso nunca aconteceu, os negativos foram reencontrados nos Estados Unidos), é porque Rogério tinha outra questão.

Era: se Welles, que era Welles, afundou-se no Brasil, que dirá nós outros? O signo é esse: o traço negativo, a impossibilidade da obra (de um talento incomum, como era Sganzerla).

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