terça-feira, 16 de novembro de 2010

Destaques do Festival Mix Brasil Evento começa dia 11 e tem mais de 100 filmes

Brasil / Magazine
Por: Marina Gurgel

Não dá nem tempo de sentir falta da Mostra de Cinema: o Festival Mix Brasil já começa 11 de novembro, com mais de 100 filmes focados na diversidade sexual. Em sua 18 edição, um dos grandes destaques do evento é a presença o astro do cinema pornô mundial, François Sagat. O ator estará presente na exibição especialíssima de L.A. Zumbi, de Bruce La Bruce, no Cine Don José dia 12 de novembro. Sagat reaparece pessoalmente também na exibição de Homem no Banho, de Christophe Honoré.

Outro que aparece por aqui é o diretor peruano Javier Fuentes-León, que vem para a abertura do Festival, dia 11, às 21h. Seu filme Contracorriente, que ganhou o Audience Award no Sundance Film Festival será exibido no coquetel de abertura.

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A programação conta também com Marisa Orth, que vai apresentar o Show do Gongo, uma exibição de curtas caseiros que são submetidos a júri popular no Teatro Gazeta dia 16 de novembro.

Já em 13 de novembro, diretores de peso participam do painel “Como Filmar uma Cena de Sexo”, no MIS. Tata Amaral, Carlos Alberto Ricelli, Jürgen Bruning, Claus Mathes e Florence Frazilci vão explicar e mostrar as principais cenas que produziram dentro do tema.

Outro destaque é para a pré-exibição de Quarto em Roma, longa de arte erótico de Júlio Medem, que vai ser exibido em uma noite dedicada às meninas, em 17 de novembro.

No programa Mundo Mix, chama atenção o longa uruguaio O quarto de Léo, e a homenagem ao israelense Tomer Heyman, que tem três de seus documentários exibidos. As sessões de curtas também fazem parte do Festival, como Sexy Boys, com a produção erótica, Cara Metade, sobre relacionamentos, Laços de Família e Mapa das Minas.

Os vencedores do Coelho de Ouro e Prata serão divulgados 18 de novembro no Cinesec, às 21h.

Para a programação completa, visite o site do Festival.

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Filhos de João – Admirável Mundo Novo Baiano
Um pouco sobre a Mostra de Cinema Internacional

Por: Carlos Alessandro Silva

Por ser soteropolitano, talvez seja suspeito para falar sobre Os Filhos de João – Admirável Mundo Novo Baiano, do conterrâneo Henrique Dantas, destaque da 34ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, que se encerra no dia 4 de novembro. Mas que nada, quando o documentário entrar em março de 2011 no restrito circuito comercial das produções nacionais, abram alas para (re)viver a odisséia transcendental dos Novos Baianos e entender porque são alçados ao posto de revolucionários da música mundial.

Não à toa, os gringos já elegeram e reafirmaram Acabou Chorare (1972) como o disco brasileiro mais representativo, orgulho para todos nós. E são justamente o mergulho profundo na contracultura e a simbiose criativa influenciada pelo pai da Bossa Nova, João Gilberto, determinantes de um samba-rock estratosférico, de que se apropria com fluidez e beleza o filme de Dantas. Exceto Baby do Brasil, que não autorizou posteriormente suas falas na obra, a maioria dos Novos Baianos conta com deleite sobre a overdose de som, futebol e experimentação em todos os sentidos que viveram por dez anos, no auge da Ditadura Militar.

Luiz Galvão, Pepeu Gomes, Gato Félix, Moraes Moreira, Paulinho Boca de Cantor, Jorginho Gomes, Dadi e Bola Morais relembram com lucidez aqueles idos de loucura e dedicação quase integral a um projeto artístico único, mesmo em nossa rica tradição musical. Além dos depoimentos emocionados dos membros, brilham as palavras eloqüentemente iluminadas de Tom Zé, para quem os Novos Baianos foram uma dádiva inexplicável, mediada decisivamente pela sensibilidade de João Gilberto.

Outros amigos do grupo e especialistas em música reforçam a tese de genialidade, que unia canção e experimentalismo com popularidade. Uma evidência do quanto a indústria cultural (e a fonográfica em especial) ainda se permitia a artistas sem formatos aparentes, espaço mercadológico que foi se estreitando nos anos seguintes em prol do descarte fugaz . Na época, alquimistas que misturaram os rescaldos da Tropicália, de Woodstock, da obra carnavalesca dos baianos Dodô e Osmar, numa das manifestações mais cristalinas de brasilidade moderna.

O documentário mostra como a amizade e o amor intensamente compartilhados pelo grupo eram o fio que conduziu ao refinamento sonoro e à singeleza poética. Afinal, música de tamanha grandeza espiritual e criativa exige um esforço quase sobrenatural dos artistas. Iluminados, mas meros mortais. “Eu tô fazendo o meu caminho. Não peçam que me sigam. Cada um faz o que pode. Os homens passam, as músicas ficam”, versou Raulzito na canção “Senhora Dona Persona”.

Pelo bem cultural do país, desejo vida longa a “Os Filhos de João...” e boa sorte a Henrique Dantas, um dos guerrilheiros do cinema baiano, que levou 12 longos anos para concluir este trabalho. Um filme para se exibir não apenas nas salas de cinema, mas em TV aberta, fechada, e até em praça pública por iniciativas governamentais. Este testemunho importante da nossa cultura merece ser visto não só por baianos.

Jornalista residente em Sampa, torcedor do Bahia (rumo à 1ª Divisão) e integrante do coletivo artístico-futebolístico Babaçonha, de Salvador (BA).


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