segunda-feira, 10 de setembro de 2007

A vitória do homem comum

Fonte: Revista Isto é - www.istoe.com.br

Filmes fazem sucesso com atores que estão longe dos padrões de beleza de Hollywood

MARIANE MORISAWA
ROMANCE APROVADO

O gordinho Seth Rogen engravida a loiraça Katherine Heigl em Ligeiramente grávidos

Um ruivo gordinho que não trabalha e vive numa república falando besteira com os amigos conquista uma das loiras mais quentes do momento. Impossível? Pois muita gente achou que Seth Rogen, ator principal de Ligeiramente grávidos, podia se dar bem com Katherine Heigl, a doutora Izzie da bem-sucedida série Grey’s anatomy. Tanto que a comédia custou apenas US$ 30 milhões e arrecadou assombrosos US$ 148 milhões nos EUA, mesmo tendo estreado em meio aos tubarões do verão americano. Deixou para trás filmes como Treze homens e um novo segredo, recheado de bonitões. “É engraçado que existam mais homens do que mulheres que não acreditam nisso”, disse Rogen em entrevista recente. “Olho para o Ben, um perdedor total, sem dinheiro. Mas as mulheres dizem que é possível. Katie Heigl fica indignada quando as pessoas perguntam isso a ela.”

Cera, Mintz-Plasse e Hill, os astros de Superbad.

Ligeiramente grávidos, dirigido pelo mesmo Judd Apatow do sucesso O virgem de 40 anos, não está sozinho ao mostrar que os homens comuns, desses que se vêem nas ruas e não apenas nas telas de cinema, ganharam prestígio em Hollywood. Superbad – é hoje, que estréia em 19 de outubro no Brasil e foi escrito pelo mesmo Rogen em parceria com Evan Goldberg, também virou fenômeno com três garotos desconhecidos e caras de nerd como protagonistas. A produção, que custou US$ 20 milhões e já fez US$ 103 milhões de bilheteria, alçou ao estrelato Jonah Hill, 23 anos, Michael Cera, 19, e Christopher Mintz-Plasse, 18, ao exibir suas tentativas de conseguir bebida e, assim, impressionar garotas. Nada que outros adolescentes não tenham feito na vida, e aí está o segredo dessa comédia adolescente recheada de piadas impróprias para menores. No último Comic Con, a maior feira de quadrinhos do mundo, Hill, Cera e Mintz-Plasse foram bastante assediados por garotas – uma, inclusive, chegou a pedir que um deles autografasse seu peito.

Homer, típico americano da classe média

É só olhar o resto da lista das maiores bilheterias do ano para ver que os três atores são apenas os exemplos mais recentes dessa onda. Outra grande revelação de 2007 é o ator Shia LaBeouf, que caiu nas graças de Steven Spielberg e protagoniza a terceira maior renda de 2007, Transformers (US$ 311 milhões nos EUA). O ator de 21 anos, que está filmando a quarta aventura de Indiana Jones, não pode ser considerado exatamente um galã: é bonitinho apenas. Poderia ser o menino do apartamento ao lado. E, no entanto, é a maior aposta da indústria cinematográfica no momento.

GENTE COMO A GENTE
Shrek é um ogro. Como tantos homens que existem por aí, é rude, mas tem bom coração.

Mesmo os personagens que não são interpretados por gente de carne e osso expõem a preferência de Hollywood e do público pelos homens comuns. Shrek é um ogro, mas foi construído sobre bases humanas: é um sujeito que apenas deseja viver ao lado da mulher amada em seu tranqüilo pântano. E Homer Simpson foi criado à imagem e semelhança de grande parte dos chefes de família da classe média americana.

Shia LaBeouf, de Transformers, é a grande aposta de Hollywood

Nem os heróis são mais os mesmos. O elenco do seriado Heroes é povoado de gente bonita e sarada – só que o personagem de maior sucesso é o Hiro de Masi Oka, que passa longe do estereótipo do galã. A tendência tomou força a partir do Homem-Aranha de Tobey Maguire. Os estúdios têm apostado mais em gente como a gente para viver seus super-heróis. Depois do fortão Eric Bana, quem vai encarar o Hulk é Edward Norton – um grande ator, mas um cara comum. Robert Downey Jr. vai vestir o uniforme do Homem de Ferro. E Seth Rogen, ele de novo, está cotado para ser o Besouro Verde.

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