segunda-feira, 15 de outubro de 2007

Uma ópera contra o País da corrupção e da impunidade

Luiz Carlos Merten

Cláudio Torres baseou-se no caso do investidor Sérgio Naya, cujo empreendimento - o condomínio Palace II - ruiu na Barra, no Rio, para realizar Redentor, que estréia hoje no Canal Brasil, às 22 horas. Na ficção do filho de Fernanda Montenegro - ela é atriz no filme -, o prédio não vem abaixo, mas tem sua construção interrompida pelo colapso financeiro do investidor, o empresário interpretado por José Wilker. Ele se mata e seu filho (Miguel Falabella) herda os negócios do pai - e o problema.Embora este seja um eixo importante do filme, a história é contada pelo ângulo de um jornalista - Pedro Cardoso -, cujo corpo, no começo, está num lixão. O jornalista moveu, por vingança, uma guerra pessoal contra o empresário corrupto. E o prédio inacabado é invadido pelos sem-teto de uma favela próxima. O Brasil, da corrupção e da impunidade, irrompe nas imagens de Redentor.Cláudio Torres fez desse filme um projeto rigorosamente operístico e autoral, convencido de que só o absurdo da ficção pode recriar na tela o absurdo do Brasil real. A ópera termina num verdadeiro apocalipse now. Redentor desconcerta. Não é para todos os gostos, mas proporciona um choque do real que vale experimentar.

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