quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Acionista das Letras

Vocês já ouviram falar de um carioca chamado Rodrigo Teixeira? Ele é um acionista de textos. Compra e vende histórias. Trabalhando em paralelo, é claro, com o cinema. Dono da produtora RT Features, que fez entre outros filmes O Cheiro do Ralo (2006), Teixeira, de 34 anos, vê um bom negócio, onde um crítico vê uma obra prima. Onde um autor vê uma ideia, ele vê grana.

Sua empresa tem os direitos de adaptação de pelo menos 30 títulos. Dentre os quais O Filho Eterno, de Cristovão Tezza, Vale Tudo: o Som e a Fúria de Tim Maia, de Nelson Motta, e Pornopopéia, de Reinaldo Moraes. O produtor Teixeira até usa a Lei Rouanet para a produção dos filmes, mas não para a aquisição dos direitos. Ele só tem uma lista interessante de investidores, que conta com figuras como o empresário Eike Batista.

O negócio parece estar dando certo. No final de 2009, ele fez um acordo com o biógrafo Fernando Morais de R$ 180 mil. Como foi rejeitado pela Companhia das Letras ao pedir um adiantamento para a continuação da pesquisa de 2 anos para seu próximo livro, Morais foi conversar com Teixeira que, por sua vez, não hesitou: deu dinheiro para a pesquisa e ainda comprou os direitos do livro. Isto é, tornou-se dono da futura adaptação, sem que uma única linha estivesse escrita. Loucura?! Pelo jeito, não.

Em 2010, o figura se lançou no mercado internacional com a compra dos quadrinhos Umbigo Sem Fundo, de Dash Shaw. Ele pagou US$ 50 mil, aproximadamente R$ 84 mil, e tem três anos para fazer o filme. Além disso, fechou acordo com Julian Fellowes, ganhador do Oscar de Melhor Roteiro Original em 2001 pelo texto do filme Assassinato em Gosford Park, para adaptar o livro O Filho da Mãe, de Bernardo Carvalho, para cinema, e em inglês!

Teixeira já desembolsou de R$ 10 mil a R$ 400 mil em suas aquisições. Ele entende sua profissão como um mercado de private equity, que é uma modalidade em que grandes empresas investem em menores, ainda não listadas na bolsa, buscando lucro a longo prazo.

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