sábado, 13 de outubro de 2007

Justiça Militar decide se cineasta irá depor

Fonte: Jornal Folha de São Paulo

13/10/07

PM quer apurar a participação de policiais em "Tropa de Elite"; segundo corregedor, Padilha não pode ignorar convocação

O diretor do filme foi orientado por Sérgio Cabral a ignorar a convocação; segundo a PM, ele deporá como testemunha

MALU TOLEDODA SUCURSAL DO RIO

A Justiça Militar do Rio decidirá se o cineasta José Padilha, diretor do filme "Tropa de Elite", terá de depor à Corregedoria da Polícia Militar, afirmou ontem o corregedor da PM do Rio, Paulo Roberto Paúl. A corporação quer apurar a participação de policiais no filme.Segundo ele, Padilha foi chamado como testemunha porque tem dado entrevistas sobre a PM. "Ele tem o direito de fazer o filme do jeito que quer e não vai depor? É a Justiça Militar que está atuando. Isso não é brincadeira, não é ficção."José Padilha, diretor do filme, e Rodrigo Pimentel, co-roteirista e ex-comandante do Bope, também convocado, já disseram que não vão depor. Paúl não quis comentar a declaração do governador Sérgio Cabral (PMDB), que disse para Padilha "ignorar a intimação" por considerá-la "uma inibição despropositada". Ele disse que há exagero, já que civis depõem na PM todo dia.A intimação para depor na PM, recebida pelos diretores do filme "Tropa de Elite" anteontem, é questionada por advogados. Eles acreditam que Cabral tenha dito para Padilha "ignorar a intimação" porque não é atribuição da PM chamar um civil para prestar depoimento. Apesar de ser o chefe maior da instituição, o governador não tem poder de interferência em inquéritos militares.Padilha procurou a assessoria de Cabral após receber a intimação. Foi orientado a ignorá-la. O Inquérito Policial Militar foi aberto para apurar se policiais atuaram no filme e se os atores usaram armas e equipamento do Estado nas filmagens. Paúl disse que o inquérito foi aberto a partir de averiguações do Bope (Batalhão de Operações Especiais da PM) e a pedido do comandante do unidade, coronel Pinheiro Neto."A PM guarda alguns resquícios da ditadura. É uma ilegalidade usar isso para pressão", disse João Tancredo, advogado de Rodrigo Pimentel e de Luiz Eduardo Soares, co-autor do livro "Elite da Tropa".Quanto à ameaça de prisão caso não compareçam ao depoimento, Tancredo diz que eles não correm esse risco.

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