quinta-feira, 19 de julho de 2007

Argentino investe no cinema brasileiro

Fundo criado por Eduardo Constantini financiará produções brasileiras

Alberto Komatsu

Acostumado a investir em empresas como Unibanco, Telmex e Bradesco quando administrava recursos no mercado financeiro, o argentino Eduardo Costantini Jr., filho do dono do Museu de Arte Latino-americana de Buenos Aires (Malba), vai aplicar até US$ 10 milhões na produção e distribuição de filmes no Brasil. Para isso, criou, há um ano e meio, a The Latin America Film Company (TLAFC), fundo com US$ 25 milhões para promover o mercado cinematográfico latino-americano, nos próximos cinco anos.

Um dos objetivos da minha viagem ao Brasil é encontrar um investidor brasileiro para ser parceiro do fundo. Estamos conversando com quatro possíveis sócios”, diz Costantini, de 31 anos, torcedor fanático do time de futebol Boca Juniors. O TLAFC é integrado atualmente pela Costantini Films e pelo estúdio The Weinstein Company (ex-Miramax Films, que produziu ou distribuiu filmes como Pulp Fiction, Meu Pé Esquerdo e Kill Bill), com investidores do México, Espanha, Argentina e Estados Unidos.

Costantini, que já foi diretor-executivo do Malba, também está no Brasil para a estréia do filme em que investiu US$ 2 milhões: Tropa de Elite, exibido ontem no Festival do Rio. O executivo, leitor de Clarice Lispector e fã de Caetano Veloso e Maria Bethânia, acredita em um retorno sobre o investimento de 25%, mesmo após o longa-metragem ter “vazado”, em cópias piratas, em bancas de ambulantes das principais cidades do País.

No total, o investimento na produção do filme Tropa de Elite foi de US$ 4,5 milhões. O investimento foi feito em conjunto com a Universal Pictures Brasil. A estimativa de público do longa-metragem, segundo Costantini, é de 1 milhão de espectadores. Segundo ele, formado em administração de empresas, economia e cinema, a Universal vai distribuir 150 cópias do filme em todo o País.

“O problema do cinema no Brasil é que ele está sendo financiado somente por empresas que podem usufruir de benefícios fiscais. Não há investimento direto. E é isso justamente o que tento fazer, não depender de incentivos fiscais. Aproveitamos quando ele existe, mas que não seja a única fonte de recursos”, diz Constantini. Ele trabalhou com seu pai por oito anos no Costantini Group, que administra cerca de US$ 1 bilhão em fundos de investimento no mercado financeiro e imobiliário.
Antes de Tropa de Elite, a TLAFC já havia investido para ter todos os direitos de distribuição na América Latina do filme A Rainha, que deu a Helen Mirren o oscar de melhor atriz. O fundo também comprou os direitos de distribuição do longa-metragem argentino Crónica de una Fuga para os EUA, Espanha, Austrália e Nova Zelândia. Ao todo, a TLAFC pretende produzir ou distribuir em torno de 15 filmes na América Latina nos próximos cinco anos.“

A economia brasileira atravessa um bom e momento, com estabilidade e crescimento. É sempre melhor investir em um ambiente com essas características. Mas o retorno do fundo não depende apenas da economia de um país. O que mais conta é o desempenho de um filme internacionalmente”, diz Costantini, jogador de futebol e tênis nas horas vagas.

Além de produzir filmes, o fundo também pretende distribuir longa-metragens estrangeiros na América Latina, especialmente na Argentina, no Brasil e no México, países que concentram 80% da produção de filmes na região, estima Costantini. De acordo com ele, esses três países também respondem por 80% do faturamento das bilheterias latino-americanas.

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